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>> Colunistas > Lázaro Freire Devemos ser, vegetarianos, carnívoros... ou onívoros? Publicado em: 10 de fevereiro de 2010, 16:29:56 - Lido 3953 vez(es) > Em http://formspring.me/LazaroFreire perguntaram:
Em todas as épocas e tradições espirituais, há inúmeros relatos de benefícios espirituais advindos da sutilização alimentar. Mas isso não precisa ser uma regra, nem um dogma, e menos ainda um convite à radicalização. Eu, particularmente, entendo que sejamos ONÍVOROS, como os chimpanzés. Nem tão vegetarianos, nem tão carnívoros. Ou seja, o natural e saudável para nossa espécie provavelmente seria uma alimentação predominantemente vegetariana, mas com pequenas porções animais. Nada de farra do boi, nada de rodízio exagerado de sushi. Mas também nada de radicalização alimentar. A opção alimentar que mais se aproxima de como onívoros (que somos) se alimentam na natureza é a dos "peixetarianos", aquela espécie de ovolactovegetarianos que comem peixe de vez em quando. Mesmo para os que defendem o vegetarianismo radical por motivos supostamente "espirituais", é bom lembrar que Jesus não transformou a água em suco de uva, nem multiplicou os tofus. Enquanto formos inferiores a Jesus - e talvez alguns daqui ainda o sejam, sem querer ofender àqueles vegetarianos já libertos da roda de Samsara - dá sim perfeitamente para comermos um peixinho e tomarmos um vinho SEM CULPA. Desde que, evidentemente, sem exagero: até um rodízio de massas pode ser mais desequilibrado e imoral do que uma salada om um filet, dependendo do psiquismo, vício e atitude da pessoa. Lembro também que os povos de maior longevidade no planeta são os japoneses e os mediterrâneos. Alguma coisa ambos devem fazer de correto. Bem, a alimentação de ambos é riquíssima em vegetais, cores e variedades; e contém pouca carne vermelha. E mesmo aqui, a alimentação mais aceita como natural e saudável em geral usa bastante de folhas, legumes, grelhados - e um pouco de carne branca, sem exagero, especialmente peixes. E falam dos flavenóides do vinho. Curiosamente, parece com a dieta dos japoneses e mediterrâneos. Curiosamente, lembra também os hábitos - peixe e vinho - atribuidos a Jesus. Voltamos, portanto, à necessidade de mais equilíbrio e bom senso. Evidentemente, a questão alimentar não é excessão, mas curiosamente pessoas bem sensatas espiritualmente tornam-se radicais fundamentalistas quando se trata da defesa do vegetarianismo ou dos animais. É contraditório: se vegetarianismo é bom, radicalismo é péssimo. As pessoas tendem a sair de uma posição extremada a outra, e como diz o Tao Te King, o equilíbrio nunca pode residir nos extremos. Além disso, Sai Baba lembra que "alimento", espiritualmente falando, é tudo aquilo do exterior que metabolizamos dentro de nós - amizades, músicas, sintonias, leituras, filmes, ambientes que escolhemos, o que come e "quem" come. Tudo é hara e manipura. Tudo isso deveria ser mais sutil. O que "entra pela boca", embora importante, é apenas a ponta do iceberg. Mas sutilizar ao menos isso - ou evitar excessos - já é um começo. O corpo é o templo base nessa existência. É por isso que Osho dizia que, nesse caminho espiritual, "quem não se preocupar com um barrigão, dificilmente se preocupará com qualquer outra coisa". Lembro, por fim, que tudo o que escrevi acima não são verdades absolutas, mas o que você pediu: a minha opinião, independente do lado ecológico ou ético da questão. Afinal, não sermos vegetarianos implica em matar animais, e isso traria infinitas outras nuances de discussão, inclusive religiosas. Lázaro -- Lázaro Freire lazarofreire@voadores.com.br
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